Cova meio aberta





O ruído metálico de um armador, gargalhadas infantis. Duas garotas balançam uma outra na rede, que a cada empurrão vai mais e mais alto, a menina na rede solta risadas histéricas de animação, segura-se nas bordas do tecido para não cair. Um som que dói só de ouvir ecoa, um som abrupto, som de impacto. Ela morreu, afirma uma das garotas, E agora o que faremos, minha mãe vai acabar com a gente, completa a outra, Precisamos arranjar uma desculpa e rápido mamãe chega já, já. As três garotas, as duas desesperadas mais a desacordada tem, cada uma, entre seis e sete anos de idade. A casa em que estão e a roupa que vestem demonstram que suas famílias são de baixa renda. É tarde, por volta da 14:00. 
Minha filha, a mamãe chegou, afirma a mãe trancando a porta, sua testa está molhada e sua farda fede, o que a obriga a lava-la todas as tardes. Não ouve resposta, escuta apenas alguns ruídos lá nos fundos da casa. Caminha até a cozinha através do curto corredor, olha em volta e nada vê, porém a porta que dá acesso a um dos dois quartos da casa está aberta. No quarto vê uma garotinha desacordada no chão, sua bolsa desliza de seu braço e cai sobre o piso, ela corre até a garotinha, ela vive, está apenas desmaiada e tem um “galo” na testa”, O que houve aqui, pergunta-se ela, esperando o pior começa a procurar sua filha através dos poucos cômodos da casa, não a encontra por ali, logo se desespera, seu coração pulsa rápido, teria um tarado dissimulado invadido a residência ou algo terrível. Com o pior quadro possível construído em sua mente, ela vai apressada até o quintal e lá encontra duas garotas cavando com pazinhas de plástico amarelas, já haviam aberto um desregular buraco. A mãe aliviou-se, mas o motivo de a amiguinha estar desmaiada e duas meninas estarem cavando um buraco no quintal não tardou a incomoda-la.

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