Presidenta Dilma: a história é sua, da sua dignidade

Fonte: Partido dos Trabalhadores, 2015.

Confesso que a presidenta Dilma sempre foi para mim uma personagem enigmática. Longe da loquacidade e do natural apelo popular do presidente Lula, era uma criatura que me passava a ideia de frieza e racionalidade extrema. Tão jovem na época, baseava-me nessa impressão subjetiva para nutrir certa antipatia.
O ponto máximo dessa minha visão ocorreu durante o impeachment. Embora dedicasse cada hora do meu dia para militar de diferentes formas pelo mandato constitucional da presidente eleita, sentia-me traído pelo seu distanciamento. Inconformava-me pela presidenta não mobilizar mais, não se revoltar publicamente, não destilar raiva e até ódio naquele momento.
Linda, serena e fleumática. A Dilma olhava para os seus algozes sem medo, sem maus sentimentos e vaticinava a história que hoje se escreve. Dizia que a história seria cruel com aqueles que orquestravam o golpe. Todos eles, segundo ela, teriam que prestar contas e ela se contentava e estava em paz com seu quinhão.
Alguns anos se passaram. O golpe se concretizou. O Brasil escolheu o extremismo, a maldade, a crueldade, a tortura, o negacionismo, a irracionalidade e o caos. E ainda brinca com a barbárie como se fosse o irmão perdido.
No exato dia em que escrevo essa reflexão, um presidente da república tem sua alma desnudada. Seu ministério ameaça ministros do Supremo Tribunal Federal, governadores e prefeitos. Ameaçam a democracia. Dão todos detalhes tácitos de irresignação a decisões da justiça e do Congresso.
Todos esses fatos me ajudaram a chegar a seguinte premissa: hoje eu entendi a presidenta Dilma. Entendi a dignidade de uma condenada sem culpa. Entendi o respeito dela pela democracia. Compreendi, finalmente, a sua grandeza. Dilma é muito mais do que a sucessora do Lula, é um ensinamento humano fundamental. Dilma Vana Rousseff é a imagem de um Brasil que quero de volta, é a luz que fulgurará na história.

Perdoe-me, cara Dilma, pelos anos gastos para compreendê-la.

25 de maio de 2020, 
Josué da Silva Brito. 



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