O que leva pessoas sãs a votarem em uma anta?



Esse pequeno texto, diferente do que possa parecer, não é apenas um xingamento ao excelentíssimo animal que o Brasil, em um surto psicótico nunca antes visto, elegeu para presidente. Esse pequeno escrito tem o objetivo de procurar fazer uma sucinta análise do que havia de comum em todos os eleitores do excelentíssimo animal. Muitos deles e delas eram racistas, homofóbicos, transfóbicos, misóginos, xenofóbicos, de fato eram a escória do Brasil, porém, muitos eram trabalhadores honestos e, quando conversava com alguns, não percebia esses elementos em suas falas, tampouco em suas personalidades ou hábitos, sendo assim, eu perguntava-me, o que os leva a votar nesse porco imundo que próximo ano teremos como presidente? Acho que Slavoj Zizek (2002, p. 25) ajuda a responder:

Longe de ser uma atitude suicida, longe de indicar um desejo de autoaniquilação, o corte é uma tentativa radical de (re)dominar a realidade ou, o que é outro aspecto do mesmo fenômeno, basear firmemente o ego na realidade do corpo contra a angústia insuportável de sentir-se inexistente.

Diante de seus problemas, desemprego e revolta, as pessoas normais, não os doentes homofóbicos que se masturbam com camisas com a cara do presidente eleito, as pessoas só viam, em geral, formalismo político, “decoro” hipócrita, palavras bonitas que não mostravam empatia para com a extrema raiva sentida pelos cidadãos comuns. Bolsonaro parecia, para essas pessoas, leigas no alfabeto “político”, História do Brasil, educandário básico de sociologia (Aquilo que se ensina em escola mesmo), alguém “real”, que falava, que conseguia captar a raiva da população sem o tom “polido” dos parlamentares em geral, que para a população soa como hipocrisia. Esse foi um elemento que auxiliou, também, o próprio Ciro Gomes entre os que vão mais ‘à esquerda”, porém a comoção pela prisão política do Lula ainda conseguiu garantir muitos votos ao Fernando Haddad. Assim, o cidadão comum, que não tem, e admite não ter, opinião formada sobre homossexualidade, feminismo e socialismo, procurou um “corte” nessa realidade que lhe parece “formal” demais, “hipócrita” demais, Bolsonaro as conseguiu fazer sentir participantes, existentes, parte de “algo”, por mais indefinido que esse algo seja, porém um algo mais real, diferente do que parece ser um interminável “lenga, lenga’ na política formal.
Os indivíduos, porém, devido a seu desconhecimento, a péssima educação básica e a soberba desenvolvida pela esquerda durante os 13 anos de governos petistas procuraram isso no fascismo, sem sequer saber a gravidade do que estavam fazendo. Militaram ao lado de neonazistas relevando, relevaram também as diversas agressões que seus companheiros de campanha perpetuavam, talvez pensando consigo mesmos “Não sou eu que estou fazendo isso, não tenho nada a ver”. Ledo engano, esse desejo “pelo real” feito da forma errada levará, possivelmente, a mais brutal representação dela. O que Bolsonaro dirá diante dos excessos? Talvez “No tocante a isso ai, foi o que prometi, tá ok?”... Cinismo foi o que o candidato demonstrou todo o tempo.
Quanto a chamar o Bolsonaro de anta... Bem, os integralistas (Chamados também de galinhas verdes) durante o Estado Novo tinham uma escola de formação de quadros, chamada “Escola da Anta”, devido a seu ultranacionalismo racista e xenófobo (Pois caso não saibam a anta é uma espécie brasileira), aonde quero chegar? Pois é, Bolsonaro é o mais tardio aluno da escola da anta: É a anta tardia governando o Brasil.

Bolsonaro... UMA ANTA que sabe escrever ganhou a eleição exatamente por isso, por ser uma ANTA. Era isso que os integralistas pensavam? Plínio Salgado, pai das antas, deve estar se masturbando no túmulo, quem sabe.... HEHEHEHEHEH 
Depois desta piada feita no pior momento, só me resta chorar por uma semana e voltar pra oposição, mais uma vez.

Referências
ZIZEK, Slavoj. Bem Vindo ao Deserto do Real. 1ª Ed. Boitempo Editorial, São Paulo, 2003.



SUED

Nome artístico de Línik Sued Carvalho da Mota, é romancista, novelista, cronista e contista, tendo três livros publicados, também é graduanda em História pela Universidade Regional do Cariri. Militante comunista, acredita no radicalismo das lutas e no estudo profundo de política, sociologia, História e economia como essenciais para uma militância útil.
Escreve ao Ad Substantiam semanalmente às segundas-feiras.
Contato: lscarvalho160@gmail.com





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