Eleição 2018: Plano de Governo Alckmin, mais do mesmo

13 de Agosto de 2018

Desde 2009, todo postulante a cargo eletivo deve apresentar ao Tribunal Eleitoral a plataforma ou plano de governo, um documento no qual propõe metas, diretrizes e propostas que seguirá caso eleito. Esse plano, contudo, não possui efeito vinculante. 
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Com o foco de contribuir ao debate político, este blogueiro irá analisar criticamente e ressaltar os pontos importantes dos planos de governo dos principais candidatos ao cargo de Presidente da República. 
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O plano de governo analisado hoje conta com 16 páginas anexadas no TSE, conforme dispõe a legislação e resoluções do órgão. Não iremos, por justiça, analisar demais proposta no site do candidato.
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Segundo, o jornal a Folha de São Paulo, o candidato Alckmin fixou apenas um resumo enxuto no site a fim de cumprir com a legislação. O plano conta com três seções: O Brasil da 1) indignação; 2) solidariedade; 3) esperança. 
O candidato do PSDB trouxe um plano genérico com linguagem popular. Se o leitor for mais adepto a política conseguirá ouvir a voz do Alckmin a ler cada item, (portanto, não posso dizer que foi uma prazerosa leitura).
Na parte O Brasil da Indignação são formuladas propostas com relação a indignação do brasileiro com corrupção, tamanho do Estado, impostos e déficit público. Entretanto, como supramencionado, as propostas são vazias e tentam aclamar para certo populismo intrínseco ao nosso país, são diretrizes: "tolerância zero com a corrupção" (seria via lei, fortalecimento das policias investigativas, apoio ao MPF?); "combater o desperdício, reduzindo números de ministérios..." (quais ministérios?), "eliminar o déficit público em dois anos" (com varinha de condão? afinal o déficit nominal público  - diferença entre ganhos e gastos - em 2017 foi de 160 bilhões), "privatizar empresas estatais, de maneira criteriosa" (fico a me perguntar os critérios do PSDB para privatizar empresas, juro ser uma curiosidade verdadeira), "...substituição de cinco impostos e contribuições sem um único tributo: imposto sobre valor agregado" (quais são os substituídos?); "reduzir número de homicídios... combater crime organizado e tráfico de armas... criar Guarda Nacional", "criar sistema único de aposentadoria" (seria como? teria idade mínima?). 
Em O Brasil da Solidariedade mais um monte de propostas inertes e uma boa parte populistas. São propostas "promoveremos a integração de programas sociais, de saúde e educação do período pré-natal até o seis anos de idade" (desculpe-me o candidato, mas em um país de morte infantil crescente, levando a revisão de metas, o que indica uma falha de pré-natal, com meta orçamentária inflexível, chega a utopia, para não dizer encher linguiça), "crescer 50 pontos em 8 anos no pisa" (novamente voltamos ao como), "incrementar o bolsa família" (para um instante para risos coletivos... voltaremos em instantes... alguém viu o Geraldinho Neoliberal por aí?!), "pacto nacional para redução de violência contra idoso, mulheres e LGBTI" (eu particularmente adoro a expressão pacto nacional, é a mesma coisa de dizer, não faremos nada). 
N'O Brasil da Esperança são propostas medidas geradoras de renda e emprego. Mais uma vez uma verborragia dolorosa. Nada semelhante ao projeto de governo de 2006 com 170 páginas. Entre as propostas estão: tornar o comércio exterior responsável por 50% do PIB (utopia seria elogia), "O Brasil vai crescer de forma sustentável", "fortaleceremos o ensino técnico e tecnológico", "prioridade aos investimentos em infraestrutura", "transformaremos o Brasil no país mais atrativo para emprender e investir na América Latina" (não preciso nem colocar o como). 
Foi uma leitura decepcionante, sem projetos claros para o futuro, que torna a candidatura que mais demora para decolar uma bruma. O que se esperar de um governo Alckmin? Pelo plano de governo, nada, só mais um monte de mecanismos vazios  e quatro anos de enrolação e fisiologismo barato. 
Espero ter mais sorte com os próximos programas. 

Referências 
CARVALHO, D.; BRAGON, R. Alckmin divulga programa de governo enxuto e genérico de 15 páginas. Folha de S. Paulo, São Paulo, 10 ago 2018. Disponível em:<https://www1.folha.uol.com.br/poder/2018/08/alckmin-divulga-programa-de-governo-enxuto-e-generico-de-15-paginas.shtml>. Acesso em 13 ago 2018.

SILVA, J.R.O. O plano de governo como requisito para o registro de candidatura. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7835>. Acesso em 13 ago 2018.

NÓBREGA, M. O déficit público atingiu R$ 563 bilhões e não R$ 156 bilhões. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/blog/mailson-da-nobrega/o-deficit-publico-atingiu-r-563-bilhoes-e-nao-r-156-bilhoes/>. Acesso em 13 ago 2018.


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