FERRA FERRADURA


ou
ESFERA, A BESTA FERA TE FERRA
Estratégia de Manipulação 02


Criar Problemas e Depois Oferecer Soluções ou Problema ó Reação ó Solução¹:
Cria-se um problema, uma situação prevista para provocar na população certa reação afim de que este seja o mandante das medidas que se queira fazer aceitar. Um exemplo é deixar que se desenvolva ou intensifique a violência urbana para que o povo seja o mandante de “leis de segurança” que, na verdade, prejudiquem a liberdade.

Em português:



Ações da TV: Foto do autor.

- Do watch Brazil!
- We watch Brazil!

Em Ipatinga uma padaria no bairro Veneza é assaltada em plena luz do dia, roubam trezentos reais e fogem para um bairro vizinho. Mas os bandidos não são encontrados pela polícia.
Em Cel. Fabriciano dois homens munidos de facas roubam um celular de uma senhora em um ponto de ônibus. Mas os meliantes não são encontrados pela polícia.
Em uma madrugada um bando explodiu caixas eletrônicos de três bancos e se preparava para incendiar uma das agências, mas foi impedido pela polícia militar. Contudo houve trocas de tiros, mas conseguiu fugir e a polícia não encontra nenhum membro da gang explosiva.
Mais de vinte e cinco ônibus em quase vinte cidades de Minas Gerais foram incendiados em menos de vinte e quatro horas. Os criminosos entram no coletivo, pagam a passagem e em dado momento obrigam o motorista a parar e, enquanto despejam gasolina no interior do carro, mandam todos saírem às pressas ou morreriam queimados. No lugar que o incêndio acontece a rede elétrica, árvores e tudo que estiver próximo ao ônibus também se queimam. Angustiada, uma testemunha disse o quanto se preocupou com os vizinhos idosos. Apavorada, outra testemunha afirmou que sua família teve que sair pelo portão em frente ao incêndio ocorrido na porta de sua casa. Mesmo com câmeras de segurança registrando todas essas ações criminosas ninguém foi preso pelos ataques.

- Do take care of Brazil!
- We take care of Brazil!

Tudo começou despedindo uma centena de empregados da Grande Fábrica de aço bruto. No mês seguinte outra leva. E no outro também. E no outro e no outro... Outras indústrias – estas menores – fizeram o mesmo, mas o número de empregados era proporcionalmente menor. Isso só em Ipatinga, mas Timóteo fez igual na Grande Fábrica de aço nobre e nas indústrias de menor porte.
Nas outras cidades industrializadas de Minas foi igual, assim como nas cidades com grandes fábricas do país todo não foi diferente. Tudo resultando em desemprego. Mas o povo não viu; não notou quem provocou tudo isso. Nada percebera, por quê? Esfera, a maior rede de tv nacional, nada noticiou. As outras também não. Enquanto elas mostravam distrações, o governo:
As indústrias públicas foram privatizadas; e quanto tudo é privado de tudo somos privados. E tudo resultou em desemprego. E sem emprego não se paga energia, água; não se compra comida, remédios, roupas, calçados. E sem nada as pessoas se desesperam. E o desespero é gerador.

- Do invest in Brazil!
- We invest in Brazil!

O povo exigiu do Governo medidas de proteção. E suplicou-lhe novos trabalhos.
Manifestos nas portas das prefeituras, nos palácios dos governadores, no Planalto Central.
- Precisamos de proteção! Não temos trabalho!
Sessões extraordinárias nas câmaras dos vereadores, dos deputados e dos senadores.
- Queremos segurança! Pedimos empregos.
- A pessoa não nasce humana, torna-se humana. Para isso é preciso garantias de empregos, salários dignos, moradia, arte, escolas.
Há essas vozes no deserto. Mas as mais ouvidas – não as que falam mais alto, mas as mais noticiadas – são essas sementes:
- Armas para o povo! – Assim, grandes empresas internacionais ofereceram soluções:
- Observamos o Brazil! Cuidamos do Brazil! Investimos no Brazil! Vamos abrir em todo o país fábricas armamentistas, indústrias farmacêuticas e outras mais; abrindo suas portas, seus portos e aeroportos para o mundo.
E o povo foi ao delírio. Comprou a ideia e aceitou os empregos.
- A comida tá pronta, pessoal! – Fala a mãe apresentando arroz, feijão e tomate pela quarta vez consecutiva. Com os pratos nas mãos os filhos olham a tv: Pai, me compra aquele brinquedo?! – Os pais baixam a cabeça. Mas a levantam no comercial armamentista.
 Barriga mal alimentada, celeiro de violência. Contudo, Esfera apresenta novelas e filmes. “Aqui você se instrui e se diverte melhor que nos livros!”. E nas novelas, filmes e comerciais: armas! “O ataque é a melhor defesa!”. E o povo comprou armas.
Sem SUS², sem comida e sem educação as doenças proliferaram e a ignorância impera. Contudo, Esfera apresenta novelas e filmes: “Conhecimento e diversão aqui tem e nem precisa ler!”. E em todas as novelas, filmes e comerciais: tecnologia médica! E o povo testou novos remédios.
- Com que dinheiro vou comprar armas? – Pergunta o pouco sagaz e sua mulher: com que dinheiro a gente comprará remédio?
- Se não há emprego não há dinheiro. Sem este não se compra armas, munições nem nada. – Questiona o quase capaz. E a pergunta se repete: Com que dinheiro?
O que não perguntam é a origem de tanta violência, de tanta doença, de tanta fome. Sem questionamentos não há reflexão nem a percepção que buscaria solução. Mas o carnaval se aproxima. O futebol não falta e nem as novelas, pois Esfera, a besta fera te ferra!
As cabeças se alienam, feito nuvens que flutuam alheias.


En español:

HIERRA HERRADURA


Acciones de la TV: Foto del autor.


- Do watch Latin America!
- We watch Latin America!

Hay en el país ciudades donde las panaderías fueron asaltadas bajo al sol del mediodía. Robaron las rentas de las mañanas y huyeron al barrio vecino. Pero los bandidos no son encontrados por la policía.
En otras ciudades del país, hombres guarnecidos de cuchillos robaron los celulares de señoras en paradas de autobús. Pero, los ladrones no son encontrados por la policía.
En una madrugada una pandilla explotó cajeros automáticos de tres bancos y se preparaba para incendiar una de las agencias. Sin embargo, fue impedida por la policía; ocurrió tiroteo, pero consiguieron huir y la policía no encuentra ningún maleante de la pandilla explosiva.
Más de veinticinco autobús en casi veinte ciudades del país fueron incendiados en menos de veinticuatro horas. Los marginales entran en el colectivo, pagan el pasaje y en cierto momento obligan el conductor a parar y, mientras despejan gasolina en interior del carro, mandan todos salieren corriendo o morirán quemados. El punto donde el incendio ocurre, la red eléctrica, árboles y todo más alrededor también se queman. Angustiado, un testigo dijo está temeroso por los vecinos mayores. Aterrado, otro testigo habló que el incendio fue tan cerca de su residencia que la mujer e hijos necesitaron huir de casa pasando muy cerca del fuego. Mismo con cámaras de seguridad grabando todas esas acciones criminosas nadie fue preso por los ataques.

- Do take care of Latin America!
- We take care of Latin America!

Todo empezó dimitiendo los operarios de las Grandes Fábricas. Este mes una o dos decenas en esta ciudad. En el mes siguiente otras decenas en la ciudad vecina. En el otro en una ciudad lejana. Después volvieron a esta ciudad y destituyeron otras decenas. No mes siguiente en aquellas dos ciudades. Así, un mes detrás de otro, las grandes, medias y pequeñas fábricas fueron exonerando los obreros. Las tiendas, los mercados, las oficinas fueron perdiendo clientes y echaron sus trabajadores.
Todo resultando en desempleo casi generalizado. Pero, el pueblo no vio; no percibió quien provocó todo eso. Nada percibiera, ¿por qué? La más grande emisora de tv nada notició. Las otras también se callaron. Mientras todas solamente mostraban distracciones, el gobierno:
Las industrias públicas fueron privatizadas; e cuando todo es privado de todo somos privados. Y todo resultó en desempleo. Y sin empleo no se paga energía, agua; no se compra comida, medicinas, ropas, calzados. Y sin nada, las personas de desesperan. Y el desespero es generador.

- Do invest in Latin America!
- We invest in Latin America!

El pueblo exigió del Gobierno medidas de protección. Y le suplicó nuevos trabajos.
Manifestaciones en las puertas de las alcaldías, de los palacios de los gobernadores y del Presidente.
- ¡Necesitamos protección! ¡No hay trabajo!
Sesiones extraordinarias en los ayuntamientos municipales, en las cámaras de los deputados y de senadores.
- ¡Queremos seguridad! Pedimos empleo.
- Las personas no nacen humanas, se cambian humanas. Para que eso ocurra, hay que garantizar a la población empleos, salarios dignos, viviendas, arte, escuelas.
Hay esas voces en el desierto. Pero las más oídas – no las que hablan más fuerte, pero las más noticiadas – son esas semillas:
- ¡Armas para el pueblo! – Así, grandes empresas internacionales ofrecen soluciones:
- ¡Observamos Latinoamérica! ¡Cuidamos de Latinoamérica! Invertimos en Latinoamérica! Vamos crear en todo el Sur de “America” fábricas armamentistas, industrias farmacéutica y otras más; abriendo sus puertas, sus puertos y aeropuertos para el mundo.
Y el pueblo se sintió exaltado. Compró la idea y aceptó los trabajos.
- ¡La cena está lista! – Habla la madre presentando guiso de papas; es la cuarta vez en la semana que ella cocina patatas. Con los platos en las manos los hijos miran la tv: Papá, ¡¿cómprame aquél juguete?! – Los padres bajan la cabeza. Pero la levantan al comercial de armas.
Barriga hambrienta, granero de violencia. Sin embargo, la Gran Emisora presenta novelas y pelis: “¡Aquí usted se instruye e se divierte más que en los libros!”. Y en las novelas, pelis y anuncios: ¡armas! “¡El ataque es la mejor defensa!”. Y el pueblo compró armas.
Sin acceso a salud, sin comida y sin educación las enfermedades proliferan y la ignorancia impera. Sin embargo, la Gran Emisora presenta novelas y pelis: “¡Conocimiento y diversión aquí los hay y no te necesitas leer!”. Y en todas las novelas, pelis y noticias: ¡tecnología médica! Y el pueblo se sometió a la prueba de nuevas medicinas.
- ¿Con que dinero voy a comprar armas? – Pregunta el poco sagaz y su mujer: ¿con que dinero vamos a comprar medicina?
- Se no hay empleo no hay dinero. Sin este no se compra armas, municiones ni nada. – Cuestiona el casi capaz. Y la pregunta se repite: ¿Con que dinero?
Solo no preguntan el origen de tanta violencia, de tanta enfermedad, de tanta hambre. Sin cuestionamientos no hay ponderación que buscaría solución. Pero, el carnaval se acerca. El fútbol no falta; ni las novelas.
Las cabezas se alienan, como nubes que flotan ajenas.


¹ Fora de Ordem. As Dez Estratégias de Manipulação de Massas de Noam Chomsky, de Avram Noam Chomsky. Disponível https://www.youtube.com/watch?v=xBVUBJXWXWY&index=284&list=LLIH2YzhXzK4qmn97DyBrAbA&t=23s . Acesso 04 Jun 2018.
² SUS (Sistema Único de Saúde) foi inspirado no modelo britânico e é considerado um dos maiores sistemas públicos do mundo. Responsável por atendimentos gratuitos tanto de atendimento para avaliação de pressão arterial a transplantes de órgãos. Foi instituído pela Constituição Federal de 1986 em seu artigo 196 e garantido pela Lei 8.080/1990. Os recursos financeiros são provenientes da União, dos estados e dos municípios. Fazem parte do SUS os centros e postos de saúdes, hospitais públicos, laboratórios, hemocentros, serviços de vigilância sanitária, vigilância epidemiológica, vigilância ambiental, fundações/institutos de pesquisa acadêmica e científica.
Para maiores informações ver o sítio do Ministério da Saúde: http://portalms.saude.gov.br/sistema-unico-de-saude . Ou
Wikipedia. Disponível https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_%C3%9Anico_de_Sa%C3%BAde . Acesso 14 Jun 2018

Pesquisa em “jornais” de casos de violência; acesso 09 Jun 2018:

GOMES, Daniela Ramos. Imperativo (Imperative). Disponível https://www.infoescola.com/ingles/frases-imperativas-imperatives/ . Acesso 13 Jun 2018.

 Rubem Leite é escritor, poeta e crontista. Escreve ao Ad Substantiam semanalmente às quintas-feiras; e todo domingo no seu blog literário: aRTISTA aRTEIRO.  É professor de Português, Literatura, Espanhol e Artes. É graduado em Letras-Português. É pós-graduado em “Metodologias do Ensino da Língua Portuguesa e Literatura na Educação Básica”, “Ensino de Língua Espanhola”, “Ensino de Artes” e “Cultura e Literatura”; autor dos artigos científicos “Machado de Assis e o Discurso Presente em Suas Obras”, “Brasil e Sua Literatura no Mundo – Literatura Brasileira em Países de Língua Espanhola, Como é Vista?”, “Amadurecimento da Criação – A Arte da Inspiração do Artista” e “Leitura de Cultura da Cultura de Leitura”. Foi, por duas gestões, Conselheiro Municipal de Cultura em Ipatinga MG (representando a Literatura).
Foto do Vinícius Siman.

Escrito e trabalhado entre 08 e 14 de junho de 2018.

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