"Penso, logo existo"; consumo, logo sou

Como já disse em meu artigo "URSS: A política do contraponto", publicado em julho do ano passado nesta revista, é extremamente perceptível uma invasão cultural estadunidense no mundo (como isso afeta nossa cultura e rouba nossa identidade), começando pela economia e se enveredando pro gosto "artístico" do indivíduo.
Geralmente, quem lê no Brasil, lê literatura estadunidense — romances de Nicholas Sparks e Stephenie Meyer —; quem ouve músicas, ouve pop estadunidense, as marcas de roupas e aparelhos tecnológicos mais cobiçadas, são as dos Estados Unidos.
Trump no poder, misoginia, lgbtfobia, racismo e xenofobia com pitadas de arrogância e conservadorismo — e esse é o resultado de nossa indiferença ao Império Estadunidense... essa onda conservadora que está se alastrando pelo mundo começa a tomar forma em meados de [19]91, quando o império soviético cai.
E agora colhemos os frutos de uma invasão cultural, que nos enfia goela abaixo o neo-liberalismo à "la americana", sua "superioridade e modelo de vida chique" e, também, sua estupidez.
A campanha do "Brexit", por exemplo, ou as altas chances de uma eleição de Jair Bolsonaro à presidência do Brasil em 2018, são a prova de uma ascensão do conservadorismo universal apoiado na política econômica dos EUA.
Quando o consumo se torna motivo de orgulho e status numa sociedade, há uma colonização. E explico imageticamente: há quinhentos anos, os europeus deram espelhos e miçangas pra dominarem nossa terra. Agora, os EUA dão iPhones, ficções baratas e revistas de super-heróis neo-liberais que salvarão o mundo.

Na minha condição de cronista semanal que acaba de voltar das férias, só me resta a consciência de não ser manipulado pelo Império Estadunidense.
E fora Temer!


NOTA:
O título deste texto foi tirado do livro "A invasão cultural norte-americana", de Júlia Falivene Alves; p. 85.



Vinícius Siman

Escritor, diretor, crítico de arte e militante dos direitos humanos. Tem nove livros publicados.
Escreve ao Ad Substantiam semanalmente às sextas-feiras.
Contato: souzasiman@gmail.com

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