Um ano de lama e luta

"dinheiro
a/paga
essa
praga
da
lama?"
***
"são
bentos
aqueles
que
ainda
salvos?"

GABRIEL BICALHO, Aldravias 11 e 14 do livro "Mineralamas"

Na manhã do dia 31 de outubro saiu, do município de Regência-ES, a Marcha dos Atingidos da Bacia do Rio Doce. E vieram de lá, fazendo o trajeto da lama ao inverso, pra Ipatinga, onde o Grupo Libido  de Teatro apresentou a peça "Lama-sal", escrita e dirigida por este que vos escreve. E a marcha prosseguiu e nós fomos juntos. Em Mariana, muita luta, muita resistência, muitos debates, e, à noite, muitos shows (Zé Geraldo, Falamansa, Flávio Renegado...).
No dia 5, fomos ao distrito de Bento Rodrigues, o principal atingido pela lama, e sentimos a lama correndo em nossas veias; matando-nos. Mas é lama de morte lenta, que cria um coração na consciência e bombeia lama pro resto do corpo.
É como diz Gabriel Bicalho, poeta aldravista de Mariana, em seus versos que carregam tamanha dor e beleza: "dinheiro a/paga?". E foi esta dor e beleza que senti em Bento Rodrigues — a dor da morte e a beleza duma árvore que re-existe na lama sobrevivendo de metais pesados em lugar de sais minerais.
Que mais dizer? Que estou em êxtase? Sim, estou em êxtase, mas acho que nunca, nunca, saberei descrever esses dias de marcha e luta e luto. Este texto, por exemplo, é uma tentativa fracassada de dizer que Bento Rodrigues não se calará diante do S4, que ninguém aceitará o maior crime ambiental do mundo.

Andei fazendo umas entrevistas com militantes, intelectuais e integrantes da classe artística. Vejam:

PS.: Não foi possível editar, cortar, enfim, dar o acabamento necessário nos vídeos. Peço perdão por isso. Mas o conteúdo é indispensável!







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