A ignorância – filhos de 1964
Algo engraçado ocorreu no Brasil
nos últimos anos, melhor, no mundo. Parece que todos os covis foram abertos
para que ignorantes vociferem as suas verdades absolutas e acirrem ainda mais
os ânimos, levando risco até as democracias ditas estáveis. Não obstante, o que
quero discutir é o papel das redes sociais nesse processo, visto que os
ignorantes sempre existiram o diferencial é que hoje possuem voz e se
articulam.
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Imagem da Web |
Observo abismado aos comentários
que perdem intervenção militar no Brasil, que defendem com amor e afinco Jair
Bolsonaro, declarações de amor ao falecido coronel Brilhante Ustra, repúdios
veementes a cenas de televisão que mostram a realidade da sociedade e tentam
educar quanto à diversidade de gênero... em tese, estamos novamente nos anos de
chumbo.
A sociedade brasileira se reveste
a cada ano em uma esfera de desconhecimento e hipocrisia. Os debates que
ocorrem em redes sociais são desprovidos de qualquer ciência e se investem de
achismos devastadores. Quão fácil para se ter a sensação de sair vitorioso em
uma discussão e se achar dono do saber se chama alguém de esquerdista ou pão
com mortadela, simplesmente porque o individuo manifestou preocupação por
justiça social, e diz que a esquerda destruiu o nosso país.
A ignorância é tamanha que até
mesmo a definição de esquerdistas é desconhecida por nossos grãos filósofos e
cientistas políticos do Facebook. Deixo claro, que o desconhecimento envolve
ambas as partes, extremistas são encontrados tanto na esquerda quanto na
direita, mas é clara a grande predominância da direita na ignorância tangível e
não estou usando minhas ideologias para essa definição, basta ler alguns muitos
comentários por dia e isso será límpido aos olhos.
Ao invés de usar o precioso tempo
para se estudar, ler e poder causar uma mudança nos rumos do país... muitos
perdem tempo batendo boca e fazendo acusações fúteis revestidos por um saber
sem origem – ou melhor, originado da própria ignorância.
Tenho prestado também muita
atenção, que estes que ganharam voz pelas redes sociais, os mesmos que antes
vomitavam suas ideias conservadoras apenas no leito de suas famílias, estão se
articulando, formam grupos nas redes sociais e disseminam cegamente a ideologia
da ignorância. O grande detalhe, no entanto, é a mudança da ignorância. A ignorância
se veste hoje de ciência e métodos próprios. Justifica cada um dos atos e busca
sempre transferir o obscurantismo a outrem.
Nunca nossos intelectuais da rede
admitem erros, desinformação ou falácias, sempre afirmam dotados de certeza e
com base em nada a não ser seu próprio e superior entendimento pessoal. Se esse
entendimento for contestado há brigas e discussões que escapam do plano da
racionalidade.
Cito um caso em que vi a
agressividade da ignorância. A grande pensadora Marilena Chauí expressou uma
opinião sobre o juiz Sergio Moro – pessoalmente não concordo com as conclusões
que ela chegou, mas isso é detalhe – e foi escorraçada. Os anos de estudo, a
formação impecável, os livros escritos, tudo foi obliterado e nos comentários
os grandes entendedores criticaram e desrespeitaram-na taxando-a de louca e
outras adjetivos mais que não me convém reproduzir.
Valorizo muito os grandes
préstimos da tecnologia, contudo, ela não está sendo bem utilizada. Não é
agregada para se adquirir conhecimento, mas para se exteriorizar ignorância,
conservadorismo, preconceitos e outras tantas patologias da inteligência que
tornam o mundo menos aprazível e manifesta riscos as estruturas sociais e de
poder. Sinceramente espero que as deploráveis ideologias das redes sociais se
findem nelas, pois se refletirem em nossos políticos – refletem – teremos sérios
problemas no futuro, tal qual um Bolsonaro em 2018 ou Trump em 2016.
Oi!
ResponderExcluirBoa reflexão.